Ao longo de mais de dez anos tenho vindo a escrever diariamente no Facebook, seguindo um ritual que se transformou numa verdadeira "missão" e um ato de devoção para com aqueles (e sobretudo aquelas) que me seguem, muitos há anos, outros mais recentes, em geografias tão diversas como Lisboa, Porto, Coimbra, Aveiro, Algarve, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Luanda, Maputo, ou, por exemplo, Timor-Leste. Começou a provocar-me angústia pensar que os textos que vou escrevendo, muitos deles muito elogiados, ficassem apenas no Facebook, ou seja, numa rede social que tem por característica (como todas as redes sociais) refletir a volatilidade dos tempos, as modas, a efemeridade, a fugacidade, o imediato. Pensei que os textos, de profundo conteúdo poético e com a vestimenta rica que encontramos na literatura, mereciam ganhar a dignidade de um livro (mesmo que este não seja só em papel e possa também ser em formato digital). Decidi, por isso, "fixar" os textos, para que eles não se percam na voracidade dos dias e possam ser lidos num futuro o mais longínquo possível, com a roupagem de livros.